À medida que envelhecemos, muitas mudanças surgem — na rotina de lazer, nos hábitos de exercício e, especialmente, na saúde. Na terceira idade, diversas alterações fisiológicas podem favorecer o surgimento da apneia do sono, condição que frequentemente está associada ao ronco intenso durante o descanso.
Esse problema compromete o bem-estar e a qualidade do sono, podendo levar a complicações mais graves, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral). Diante dessa gravidade, torna-se essencial compreender e tratar adequadamente a apneia do sono. Neste artigo, você vai entender o que é esse distúrbio, sua relação com o ronco e como ambos afetam diretamente a saúde dos idosos.
Apneia do sono e o ronco: entenda a relação
O ronco pode ser um dos sinais da apneia obstrutiva do sono (AOS), um distúrbio frequente entre os brasileiros. Essa condição ocorre quando há interrupções repetidas na respiração durante o sono devido ao relaxamento excessivo dos músculos da garganta, o que provoca o estreitamento ou bloqueio das vias aéreas superiores.
Além do incômodo sonoro, a apneia impacta significativamente a saúde. A redução da oxigenação sanguínea sobrecarrega o sistema cardiovascular e pode contribuir para hipertensão, arritmias, fadiga diurna, alterações cognitivas e distúrbios do humor, como ansiedade e depressão.
Especialistas alertam que, quando não tratada, a apneia compromete a qualidade de vida tanto de quem sofre com o distúrbio quanto de quem convive com a pessoa que ronca. O diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para garantir um sono mais saudável e prevenir complicações.
Apneia do sono em idosos
A apneia obstrutiva do sono é o distúrbio respiratório do sono mais comum entre idosos. De acordo com o estudo Episono, mais de 60% das pessoas entre 60 e 69 anos apresentam a condição, percentual que sobe para 86,9% entre idosos de 70 a 80 anos. O envelhecimento é um dos principais fatores de risco para o distúrbio.
Alterações na fisiologia do sono com o avanço da idade são comuns. Processos neurodegenerativos podem afetar os núcleos cerebrais relacionados à regulação do sono, dificultando a manutenção de um descanso profundo, contínuo e reparador.
Entre os principais riscos da apneia em idosos está o colapso da faringe durante o sono. Isso pode ocorrer por fraqueza muscular, alterações estruturais ou acúmulo de gordura na região do pescoço e língua, comprometendo a passagem de ar.
Os malefícios da apneia do sono na terceira idade
Um sono de boa qualidade é fundamental em todas as fases da vida, mas na terceira idade ele se torna ainda mais crucial para a saúde física, cognitiva e emocional. Dormir entre 6h e 9h por noite é o recomendado para manter o equilíbrio do organismo.
Como a apneia compromete a qualidade do sono, ela está ligada a uma série de problemas. Entre os principais malefícios, destacam-se:
1. Aumento do risco de Alzheimer
A privação de sono reparador está associada ao acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro — substância relacionada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Quando o descanso é inferior a seis horas por noite, o organismo perde a capacidade de eliminar adequadamente essas proteínas, elevando o risco de demência.
2. Maior probabilidade de problemas cardíacos
As interrupções respiratórias da apneia duram de 10 a 30 segundos e ocorrem diversas vezes por noite. Isso eleva a pressão arterial e sobrecarrega o coração. Como resultado, aumenta o risco de hipertensão, arritmia, insuficiência cardíaca e infarto.
3. Risco elevado de depressão e alterações no humor
A oxigenação cerebral prejudicada afeta a barreira hematoencefálica, comprometendo a produção de neurotransmissores como a serotonina e o cortisol. Isso favorece sintomas como depressão, irritabilidade e fadiga intensa — fatores que impactam diretamente a qualidade de vida do idoso.
4. Sensação constante de cansaço e sonolência
Mesmo após muitas horas de sono, a apneia impede o alcance das fases mais profundas do descanso. Isso leva a fadiga crônica, lapsos de memória, dificuldades de concentração e maior risco de quedas e acidentes domésticos.
Atenção para os sintomas dos distúrbios do sono
Cuidadores e familiares devem ficar atentos a sinais precoces de distúrbios do sono. Entre eles:
- Sonolência intensa durante o dia;
- Cochilos prolongados no período da tarde;
- Despertares frequentes à noite (para ir ao banheiro ou se alimentar);
- Transtornos de humor;
- Alterações de memória;
- Sensações incômodas nas pernas, com necessidade de movimentá-las.
Esses sintomas podem passar despercebidos, mas merecem atenção, pois indicam possíveis distúrbios que comprometem a saúde do idoso.
O sono dos idosos merece atenção
A apneia do sono vai além do ronco e das pausas respiratórias. Em idosos, esse distúrbio pode afetar diretamente a saúde cardiovascular, cognitiva e emocional, aumentando o risco de doenças graves como Alzheimer, hipertensão e depressão.
Felizmente, existem tratamentos eficazes. Um dos mais recomendados é o uso do CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas), aparelho que mantém as vias respiratórias abertas durante o sono, evitando as interrupções respiratórias. Mudanças no estilo de vida, como controle do peso, prática de atividades físicas e acompanhamento médico regular, também são fundamentais.
Reconhecer os sinais precoces da apneia e buscar orientação especializada é essencial para promover um envelhecimento saudável, com mais energia, autonomia e qualidade de vida.
Se você ou um familiar apresenta sintomas como ronco intenso, sonolência diurna ou dificuldade de concentração, procure um especialista em sono. Um sono saudável é um dos pilares para viver mais e melhor!
*Todo material produzido pela CPAP FIT e pela Oxi Saúde visa difundir informações sobre saúde do sono sem que possa ser utilizado como material para autodiagnóstico, da mesma forma que não substitui a avaliação de um médico especialista. Encorajamos todos os nossos leitores a procurarem ajuda especializada caso estejam tendo qualquer sintoma relacionado ao sono, para receberem a atenção e cuidado necessários.